O jogo era um RPG de mundo aberto que misturava temáticas Cyberpunk com cultura amazônica. Ele estava sendo desenvolvido pela amazonense Flameseed desde 2018, e as artes conceituais do jogo chegaram as ser apresentadas na Feira do Polo Digital de Manaus, mas em nota publicada nas redes sociais, a desenvolvedora anunciou a paralisação do projeto por tempo indeterminado para se dedicar a projetos menores.

Antes do anúncio, o time estava trabalhando em uma demonstração que mostraria uma luta contra um chefão em uma visão alternativa do Largo São Sebastião. “Outras etapas igualmente importantes que planejamos foram a gestão de comunidade, o lançamento de um financiamento coletivo após a liberação da demo e o alinhamento da comunicação de cada etapa do desenvolvimento com nosso público. Chegamos a pensar também no programa de beta e em todas as formas de premiar as pessoas que acompanhariam o desenvolvimento desde o começo. Mas percebemos que não tínhamos estrutura físico-financeira para arcar com isso”, comentou Felipe Lobo, game designer e gestor da equipe de 7 pessoas.

Segundo a nota, o jogo Snakeborn se mostrou um “desafio técnico que vai exigir muito mais tempo e recursos físicos e financeiros” do que o time formado inteiramente por voluntários conseguia entregar. “Muitas vezes eu, da mesma forma que outros integrantes do time, servidores, freelancers, empregados e desempregados, nos encontramos na posição de ter que escolher entre a dedicação voluntária ao game, ou ao trabalho com renda garantida. Isso com certeza contribuiu muito para que o projeto se mostrasse complexo demais para que nós, sem recursos e dedicação total, pudéssemos avançar em um ritmo constante”, conta Felipe.

O time é composto ainda pelo sound designer/compositor César Lima, o desenvolvedor Von Held, o level e game designer Yallis e os artistas 3D Renan, George e Rafael Vasconcelos.

O projeto era mesmo ambicioso. “Snakeborn foi imaginado como uma aventura épica que levaria Adana – nome da índia guerreira da lenda que deu origem à ilha em São Gabriel da Cachoeira – uma aventureira indígena, a mediar conflitos entre facções, visitar e ajudar comunidades ribeirinhas enquanto conheceria criaturas fantásticas do nosso imaginário, em uma estética inspirada nos populares seriados japoneses dos anos 80. Seria uma ópera espacial fortemente influenciada pelos subgêneros cyberpunk e solarpunk com uma mensagem ambiental positiva, em um mundo criado a várias mãos, onde exploraríamos muito de nosso patrimônio imaterial dentro da narrativa. Envolvendo profissionais de antropologia, literatura, história, artes plásticas e músicos na produção.”, explica Felipe.

 Arte conceitual do Snakeborn

O game designer salienta que o engavetamento do projeto não é definitivo. “É uma pausa que nos permitirá vivenciar mais rapidamente a experiência de desenvolver e entregar um produto com bom padrão de qualidade para nossos clientes. Com isso, conseguiremos definir sistemas, indicadores e procedimentos de gestão que serão cruciais no futuro, quando retomaremos Snakeborn em sua escala original, sem prejuízo ao conceito que criamos para ele.”

Agora, a desenvolvedora muda o foco para games mobile, projetos menores e com desenvolvimento mais curto. “São jogos casuais gratuitos monetizados por meio de anúncios e destinados aos dispositivos mobile. Mesmo sendo jogos mais simples do que seria Snakeborn, ofereceremos conceito, música, som, arte, design e programação de qualidade para que, mesmo na simplicidade, nossas experiências possam ser inesquecíveis.”, promete Felipe Lobo.