Em 2022 o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) chega a sua 11ª edição como o evento de quadrinhos mais amado pelos artistas, profissionais do mercado editorial e pelo público. Mas… por que? Qual o motivo de tanto carinho? Vamos bater um papo sobre isso no texto de hoje.

A edição de 2022 do evento ocorreu entre os dia 03 e 07 de agosto, em Belo Horizonte-MG com 189 mesas de artistas de todo o país, 11 estandes de lojas, editoras e estúdios e mais de 40 mil visitantes. O FIQ acontece desde 1999, já trouxe vários convidados internacionais e ganhou destaque por ter uma boa e contínua organização promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte. São palestras, exposições e uma tradicional feira de quadrinhos que atrai artistas e editoras de por cerca de 5 dias (intensos). Por tudo isso o evento se consagrou como o maior do gênero na américa latina.

Mas para desvendar a razão da paixão nada velada pelo evento é preciso ir além dos números e da lista de convidados.

Outro dia ouvi que tudo nos “quadrinhos nacionais é pequeno”. Nem tudo, mas essa afirmação tem justificativa. HQs são um nicho bem específico dentro do universo editorial brasileiro, que já não é enorme. Portanto, a comunidade se conhece (para o bem e para o mal), boa parte das editoras é pequena e administrada por poucas pessoas, as tiragens são reduzidas, comparado ao total de leitores que consta nas pesquisas. Resumindo, é um meio de apaixonados para apaixonados.

O FIQ funciona como um momento de reunião para o cenário de quadrinhos. É a oportunidade de muitos artistas conhecerem outros artistas com os quais eles apenas conversavam on-line. É a chance do público leitor conseguir um autógrafo e uma foto com seu autor preferido. É a hora da celebração, de rever os amigos, de conhecer as novidades, de fortalecer laços e criar sua rede de contatos. O FIQ é a festa do quadrinho nacional.

Esse clima de festa eu pude conhecer em 2018 quando fui ao evento pela primeira vez. Na ocasião participei no estande Quadrinhos da Amazônia como expositor. Fui à rodada de negócios com as editoras, conheci nomes do cenário e (mais importante) comi muito pão de queijo. O FIQ é realmente incrível, e mesmo com muitos adjetivos, apenas estar lá pode traduzir a experiência e justificar perfeitamente o amor incondicional que já comentei.

A edição de 2022 teve um gosto especial para os nortistas pois, além da presença do estande Quadrinhos da Amazônia organizado pela Semana do Quadrinho Manaus com o apoio do Norte em Quadrinhos e da Social Comics, artistas da região Norte participaram com mesas na feira do evento e outros foram convidados para a programação oficial, em mesas de debate e bate-papos que ocorreram durante os cinco dias do festival.

Mas há outras razões importantes para se amar o FIQ. Ele é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte e oferecido à população a cada dois anos de forma gratuita, garantindo aos moradores locais o acesso aos quadrinhos e criando um espaço de discussão transdisciplinar e transmidiático muito necessário para a produção artística, crítica e educacional brasileira. Neste ponto, além de lindo, o FIQ é essencial.

É difícil imaginar o quadrinho brasileiro sem o FIQ. Ainda teríamos quadrinhos premiados, histórias geniais e festa, mas sem FIQ tudo seria um pouco mais cinza e menos caloroso. Talvez um dia o FIQ deixe de existir, até lá espero que o quadrinho nacional esteja maduro o suficiente para suportar uma perda desta magnitude. Mas não… não quero viver esse dia.

Até o próximo papo e para o FIQ (e Belo Horizonte), até 2024!