“O Pantera Negra tem sido o protetor de Wakanda durante gerações. E agora, está na hora de mostrar ao mundo quem nós somos…  ganhando vários Oscars”. Brincadeira, a última parte T’Challa não falou, mas bem que poderia, descubra o porquê lendo a matéria abaixo!

Que o filme Pantera Negra foi sucesso de bilheteria isso é de conhecimento de todos os nerds, mas a primeira indicação de um filme de herói ter vindo do filme dirigido por  Ryan Coogler ainda nos deixou bastante surpresos! Ao todo foram sete indicações para a grande estatueta, entre elas a de Melhor Filme, ao lado de Roma e A Favorita.

Diferente dos clássicos filmes cults e suas diversificadas paletas de cores, o universo Marvel leva ao Oscar um filme aparentemente desacreditado pela crítica, mas com muito a dizer. Além de um elenco predominantemente negro composto por grandes nomes do cinema como Michael B. Jordan e Lupita Nyong’o , o que pouca gente sabe é que por trás das câmeras os profissionais também são em sua maioria negros, destaque ao trabalho impecável de Hanna Beachler, que tornou-se a primeira mulher negra a ser indicada ao Oscar no prêmio Direção de Arte.

O que Pantera Negra fez de diferente das outras produções para merecer tantas indicações nunca vistas na história do cinema – nem de Wakanda? Há tantas formas de tentar justificar a segunda maior bilheteria do cinema em 2018 (milhões): US$ 1,346.9  MILHÕES, GALERA!), ficando atrás apenas de Vingadores: Guerra Infinita do mesmo Universo, que eu resolvi dividir em aspectos internos e externos.

Internamente, nos deparamos com uma história que mescla características contemporâneas americanas contraponto às raízes e contribuições africanas que vão desde práticas e costumes à Figurino – que foi uma das indicações. No aspecto figurino é intensificado a resistência dos cidadãos de Wakanda ao processo colonizatório além-território evidente em diversas cenas onde prevalecem as cenas executadas por mulheres.

Entramos então no quesito vilão (leia anti-herói se quiser) Killmonger, que acompanhado de Thanos (Vingadores) e Orm (Aquaman) nos deixam “reflitaum” quando o quesito é “motivações para contrapor o herói”. Killmonger traz em seus discursos sempre algo voltado aos povos oprimidos bem como sua ascenção, o que é se de fazer pensar quando se tem o mínimo de conhecimento histórico.

Externamente as contribuições de enredo, interpretação dos atores, história, é possível identificar um trabalho de bastante estudo por parte da direção do filme e suas escolhas. É no meio desses aportes que entra mais uma das indicações, a de Canção Original, que interpretada por Kendrick Lamar tem o título “All The Stars” – que ganhou um clipe lindo.

Além de Canção Original, as categorias Mixagem de Som, Edição de Som e Trilha Sonora Original, foram em busca da estatueta dourada, mostrando que, se o objeto do longa era fazer ecoar, cumpriu com seu papel!

Se essas indicações serão concretizadas em prêmios pela academia, ainda não sabemos, o fato é que, não pode se deixar passar despercebido o quão grandioso isto é para o universo nerd, principalmente quando pensada a seriedade dos filmes que antes eram vistos predominantemente como filmes de criança. Pantera Negra é a junção de arte, história, representatividade, trabalho duro e aclamação pública, propriedades levadas ao tapete vermelho no dia 24 de fevereiro deste ano. E para nós, fãs e admiradores – e até haters – nos resta esperar e torcer; torcer ou para a conquista dos prêmios e/ou para que este longa tenha sido a porta de entrada para que o universo nerd esteja cada vez mais presente em diversas premiações.

Wakanda Forever!

Fernanda Conzê (Fernanda de Souza Andrade) é aluna de graduação de Letras-Português da Universidade Federal do Amazonas, pesquisadora na área de literatura com interesse principal em contemporaneidade. Apresentou o artigo acadêmico A Construção de Killmonger em Pantera Negra: Uma visão de luta e resistência no Congresso Internacional de Literaturas e Culturas Africanas, em 2018.