Nada, não espere nada!

Calma, é só uma brincadeira, mas que tal a gente conversar um pouco sobre esse ano e o que ele tem a nos oferecer?

Antes de qualquer coisa, a maior expectativa que eu tenho e, claro, todos do Mapingua Nerd, é a de que as coisas melhorem depois de um ano de muita apreensão e incertezas. Um ano que levou muitas vidas, algumas, inclusive, que poderiam ser salvas se não fosse pela falta de esclarecimento e de compaixão de muitos por aí.

2020 foi marcado pela COVID-19 e pelos reflexos que a doença trouxe para as vidas das pessoas. A indústria do entretenimento também sofreu significantes alterações em suas atividades com o cancelamento de eventos ou a criação de uma versão digital para muitos como a San Diego Comic Con, a Comic Con Experience, o adiamento da estreia de filmes e até a paralisação de produções, entre outros. O próprio modelo de venda direta nos EUA sofreu mudanças com a DC Comics deixando de distribuir seus quadrinhos com a Diamond e aqui no Brasil com o agravamento da crise também impactando na distribuição para as bancas.

Mas se você acredita que o tempo de incertezas acabou, tenho uma notícia ruim. Ainda estamos vivendo um momento de transição para o mercado livreiro no geral. O impacto da pandemia se soma ao impacto da crise e da presença da Amazon no país. O que estamos vendo ainda é a metade do caminho para uma situação mais estável, com o modelo de consignação morrendo, as editoras e livrarias disputando os leitores um por um e o cenário independente se expandindo, ainda vem bastante coisa por aí. Veremos novas práticas de mercado se consolidando ainda este ano e inovações também devem surgir.

Eventos? Nem pensar! Não há protocolo seguro que dê 100% de resultado num evento de médio ou grande porte reunindo mais de 100 mil pessoas. As empresas (pelo menos as sérias, que prezam também pela sua imagem e valor de mercado) entenderam isso e não se arriscarão se não houver um plano de vacinação em andamento no país. Então, sem vacina, sem aglomeração. Talvez, se tivermos um bom plano colocado em prática até meados de março (improvável), no segundo semestre, sobretudo de agosto em diante, os grandes eventos podem rolar. Claro, são apenas especulações que rondam os bastidores do quadrinho nacional (novamente, incertezas!). Até lá, deve vigorar o modelo de evento virtual, que vem até dando razoavelmente certo por aqui.

Lançamentos? Bom, se você é atento ao movimento do cenário percebeu que tivemos menos lançamentos do que de costume, mas eles aconteceram, todos de forma virtual, claro. Lançamentos estão, geralmente, atrelados a eventos e, por isso, aqui a previsão é a mesma. De qualquer forma alguns continuarão acontecendo e com um detalhe: a produção não caiu tanto como o esperado por conta da lei de auxílio emergencial Aldir Blanc, que destinou recursos federais para que os estados promovessem a criação de editais e distribuíssem a renda nos casos mais sérios em que os artistas tiveram sua produção paralisada completamente. É o caso de “Sangue branco“, quadrinho sobre o período áureo da borracha na região Norte, produzido por Cristoffer Ferreira, Douglas Alencar e Paulo Victor, lançado recentemente. Portanto, já podemos ver o reflexo disso na produção de base do quadrinho nacional e veremos mais durante o ano.

No âmbito internacional algumas coisas deverão retornar antes, já que por lá a vacinação já começou. É o caso das gravações de produções hollywoodianas que já anunciaram o seu retorno. A execução dos eventos de quadrinhos e cultura pop também deve retornar gradualmente, seguindo protocolos bem definidos de higienização e até uso de máscara, mesmo com a vacina.

Adoraria terminar dizendo que tudo será resolvido em breve, mas não é a nossa realidade. Quadrinho ainda é, no geral, um bem supérfluo e nada essencial durante a pandemia. Mas cá entre nós, você teria mantido a sanidade mental até agora se não fosse por eles? Continue apoiando o quadrinho nacional e não deixe de se cuidar. A pandemia irá arrefecer e o mercado de quadrinhos vai voltar mais forte do que nunca!

Até a próxima!