Com a reexibição de Titanic nos cinemas em comemoração aos seus 25 anos, pude ver o filme depois de adulto. A última vez que eu assisti a obra, sem ironia, foi em fita VHS por volta do final dos anos 90. Em mente, eu sabia o que esperar do filme, algumas cenas tão icônicas nunca saíram da memória popular, só me faltava lembrar e entender a razão do filme ser tão aclamado. E isso eu consegui bem.

O filme dirigido por James Cameron ocupa o terceiro lugar das maiores bilheterias do cinema mundial. Ao estrear, o longa claramente foi um sucesso que se espalhou rápido. Dizem os mais velhos que as filas eram quilométricas e que, em Manaus, as sessões eram tão lotadas que só restava sentar no chão para ver o filme. Eu não duvido das histórias, mas também nunca fui checar.

25 anos depois a história ainda é a mesma: Rose é uma jovem rica que embarca no Titanic para seguir viagem a América. Jack, um rapaz pobre, ganha as passagens para o navio em um jogo de cartas e pretende voltar para a sua terra natal.

O iminente encontro dos protagonista acontece logo nos primeiros minutos de filme. Nisso, rapidamente já conquistam a atenção da audiência. Suspiros pra cá, suspiros pra lá, nós já estamos totalmente entregues ao casal improvável. Não é de se surpreender, 25 anos depois, a química desses dois ainda funciona muito bem.

Em seguida, ambos passam mais tempo juntos, escondidos em plena vista e claramente apaixonados, o casal é responsável por diversas frases e momentos icônicos que marcam até hoje qualquer um que assista a obra. A frase “Estou voando, Jack” ganhou mais peso ainda quando, talvez pela primeira vez na vida, Rose se permite fazer uma escolha própria e partir para os braços daquele que ela se apaixonou.

O paradoxo do suspense

25 anos depois a história ainda é a mesma: todos sabemos o final do filme, Jack não vai subir na porta. Alguns autores tentam explicar o paradoxo do suspense como uma reação do seres humanos de, estarem tão imersos em uma obra, que esquecem alguns detalhes dela, além disso, ao já assistirem uma obra e se reconectarem com ela, assim como no mundo real, o expectador espera que as coisas não aconteçam exatamente como aconteceram da primeira vez.

Para nossa tristeza, nada muda. Por muitos anos, com o avanço da internet e da criação dos memes, uma discussão se tornou fixa na cultura pop, pessoas dizem que ambos caberiam na porta ao final do filme. Que a Rose poderia puxar o Jack e que os dois seriam salvos pelo bote e seguiriam viagem para América.

Não importa se o Jack caberia na porta

Titanic é um filme sobre um acidente? Pode ser que sim. Na minha opinião, 25 anos depois, Titanic é um filme de amor. Desde o início é claro, Jack faz tudo pela Rose. Não existe a opção do personagem deixar sua amada em perigo, ela estava salva e tudo estava bem.

Rose cumpre suas promessas, anos mais tarde conta toda a história pela primeira vez, e nisso o público vai às lágrimas mais uma vez. De toda forma, nesse universo de Titanic, não existe arrependimento, ou culpa, os protagonistas entregaram tudo o que a audiência esperava.

Talvez a expectativa que Jack subisse na porta é somente para que o público pudesse imaginar que ambos viveram juntos para todo o sempre enquanto os créditos subiam a tela. Não podemos esquecer que, com tudo isso, é só filme.

25 anos depois: Titanic é só um filme, porém um filme muito bom.