O diferencial dos prêmios do Oscar que ocorre desde 2016 foi um detalhe muito interessante: tem tecnologia espacial nas famosas – e cobiçadas – estatuetas da premiação. Este ano, o troféu está revestido, mais uma vez, com o mesmo ouro e a mesma técnica de fixação utilizados para a observação de galáxias distantes.

Além de toda a sua utilização comercial – brincos, colares, pulseiras, a própria estatueta do Oscar dentre outras coisas –, o ouro é muito útil em aplicações astronômicas. Ele está presente em alguns telescópios. É ótimo como refletor de comprimentos de ondas de luz infravermelhas, detectando objetos celestes localizados a longas distâncias.

“O ouro é realmente inerte. Não se oxida em absoluto”, diz Jim Turttle, físico do Goddard Space Flight Center da NASA.

O ouro também bloqueia a absorção de calor radiante, mas pode acabar perdendo um tanto do seu poder refletivo por conta do calor. Desde os anos 1990, a NASA tem trabalhado em parceria com a empresa Epner Techonology aperfeiçoando técnicas de galvanoplastia para que o chapeamento do ouro pudesse ajudar na absorção do calor nos equipamentos e também continuasse com o seu poder refletivo.

A Epner desenvolveu um processo de galvanoplastia chamado de LaserGold. Esta técnica fixa muito bem o ouro nos equipamentos, principalmente no revestimento de tubos de refrigeração, garantindo que a reflexão dos raios infravermelhos de galáxias distantes aconteça de maneira eficiente nos revelando imagens belíssimas.

O LaserGold já foi aplicado no telescópio James Webb da NASA, que agora está em fase de testes. Ele irá trabalhar justamente com a análise de emissão dos raios infravermelhos e será um grande telescópio que observará não só galáxias distantes como também a atmosfera de alguns exoplanetas catalogados.

O telescópio James Webb (Créditos: NASA)

Quem levava uma estatueta do Oscar para casa o via reluzir e brilhar por um tempo até que todo este brilho ia embora. As estatuetas eram fabricadas e banhadas a ouro de forma convencional. Assim, com o passar dos anos, o revestimento ia aos poucos, literalmente, caindo.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ficou impressionada com a tecnologia LaserGold – que já era aplicado em termômetros domésticos, detectores diversos de elementos químicos e muitos equipamentos hospitalares.

Agora, as estatuetas passam pela técnica aprimorada pela empresa e pela NASA antes pensada para telescópios.

“Nós garantimos que nosso revestimento de ouro nunca vai sair”, diz David Epner, presidente da empresa.  “Nós até oferecemos uma garantia vitalícia para repor, gratuitamente, qualquer estatueta que comece a se desgastar”.

Tecnologia é aplicada desde 2016 (Créditos: AMP)

A NASA já tem tradição de transferência de tecnologias para outros setores, tornado a ciência e tecnologia grandes impulsionadores de emprego e renda. São grandes benefícios para o dia a dia que nascem graças ao interesse pelo espaço sideral.