Antes de tudo: um breve histórico.

Em 23 de novembro de 1963 a série Doctor Who estreava na BBC, mudando o curso da ficção científica. O ator William Hartnell assumia o papel principal de Doutor: um alienígena com dois corações da raça dos Senhores do Tempo, que viajava no tempo-espaço em uma nave que era maior por dentro.

Três anos depois de sua estreia, o estado de saúde de William Hartnell piorava devido a complicações de uma doença e, com um aumento de brigas internas, a produção da série procurava um meio de substituir o protagonista e continuar com a série no ar. Então veio a ideia revolucionária: ao sofrer um golpe, que seria fatal a um ser humano, o Doutor não morreria, e sim se regeneraria para um novo corpo completamente diferente.

A ideia da regeneração do Doutor foi um trufo gigante para a mitologia da série, e é uma das razões pelas quais a série continuar no ar até os dias de hoje.

Após a saída de William Hartnell do papel, o ator Patrick Troughton se encarregou de ser o Doutor. E com o fator de regeneração sendo uma opção para a troca de protagonista, outros 5 atores o sucederam depois.

Da esquerda para a direita: William Hartnell (1º Doutor), Patrick Troughton (2º Doutor), Jon Pertwee (3º Doutor), Tom Baker (4º Doutor), Peter Davidson (5º Doutor), Colin Baker (6º Doutor), Sylverster McCoy (7º Doutor).

Em 1989, com mais de 600 episódios lançados, Doctor Who foi cancelada pela BBC. O período correspondente a esses 26 anos de exibição é chamado de Doctor Who: Série Clássica.

No ano de 1996, em uma tentativa de revival, foi lançado um telefilme de Doctor Who, trazendo de volta Sylverster McCoy, o então atual Doutor, que se regeneraria para a entrada de Paul McGann no papel. O telefilme não foi tão bem recebido e, após sua exibição, a série entra no limbo novamente. O filme também é considerado parte da fase clássica de Doctor Who.

Paul McGann (8º Doutor).

Foi somente em 2005 que Doctor Who retornou à telinha da BBC, com o Doutor sendo interpretado por Christopher Eccleston na primeira temporada. Desde então, a série não sofreu nenhuma interrupção e é exibida até hoje. Essa nova fase da série é chamada de Doctor Who: Série Atual ou Série Moderna. A série atual não é um reboot, logo, nada que foi exibido desde 1963 é descartado da mitologia da série.

Contudo, não é necessário assistir a série clássica ou ter conhecimento algum de sua existência para assistir a série atual. Inclusive, algumas pessoas nem sequer assistem a primeira temporada de 2005 ao começarem a ver a série, tendo até casos de pessoas que começam a assistir a série pela quinta temporada e conseguem entender perfeitamente mesmo que Doctor Who não seja uma antologia.

Mas como isso é possível?

A primeira temporada de 2005 tem episódios com efeitos especiais bem datados que chegam a ser ridículos. Apesar de contar com alguns bons episódios, essa temporada não é considerada uma das melhores, logo, alguns expectadores já pulam a primeira temporada e vão direto pra segunda.

Na segunda temporada, o Doutor é interpretado por David Tennant, que permanece no papel até a quarta temporada. Durante toda essa fase, a série é comandada pela showrunner Russell T. Davies. Ao final da quarta temporada, não só David Tannant, mas também Russell T. Davies deixam a série.

Catherine Tate (Donna) e David Tennant (10º Doutor) na quarta temporada de Doctor Who.

Após a saída de Russel, o roteirista Steven Moffat (co-criador de Sherlock), assume como showrunner e faz com que a quinta temporada de Doctor Who sirva de porta de entrada a novos fãs, sendo uma espécie de um “soft reboot”.

Entenda: por mais que, a partir da quinta temporada, alguns conceitos sejam reintroduzidos à série como se fossem novidade, como vilões e outros artifícios usados pelo Doutor, essa temporada não ignora toda a prévia existência de Doctor Who.

Agora com Matt Smith no papel de Doutor, a série segue com excelentes episódios, assim como alguns bem controversos entre os fãs. Matt fica como protagonista até a sétima temporada, onde é substituído por Peter Capaldi e Doctor Who entra em uns dos seus melhores anos de exibição na série atual.

Peter Capaldi (12th Doutor).

Após 3 temporadas, Peter Capaldi deixa o manto de Doutor que é assumido pela atriz Jodie Whittaker, sendo assim, a primeira atriz a interpretar o Doutor, pelo menos tratando do cânone oficial da série.

Jodie Whittaker (13º Doutor).

Então qual é a melhor ordem para assistir a série?

Aqui temos algumas opções:

  • Se você tiver muita paciência, pode começar pela série clássica, porém você vai precisar procurar um meio de fazer download da série, pois essa fase não está disponível em nenhum serviço de streaming no Brasil.
  • Você pode começar pela primeira temporada de 2005 ou pela segunda temporada 2006.
  • Também pode começar pela quinta temporada, lançada em 2010.

Mas, como fã da série, eu acredito que a ordem abaixo seja…

A melhor ordem para um iniciante:

  • Comece assistindo pela primeira temporada de 2005, e vá até a terceira temporada.
  • Ao final da terceira temporada, assista ao filme de 1996. Nesse altura do campeonato, você já vai saber o bastante sobre Doctor Who para entender completamente o filme. O filme está disponível no site Universo Who.
  • Após o filme, siga para a quarta temporada.
  • Terminando a quarta temporada, talvez seja uma boa ideia assistir alguns arcos da série clássica, ou pesquisar como foi essa fase de Doctor Who. Alguns episódios da série clássica estão disponíveis no site Universo Who, e além disso, o site Doctor Who Brasil possui um podcast que fala sobre a série clássica, então você pode entender mais sobre como foi essa fase sem necessariamente ter de assistir.
  • Siga assistindo a série atual a partir da quinta temporada e, ao chegar na sétima temporada e assistir ao episódio “O Nome do Doutor”, assista depois ao mini-episódio “The Night of The Doctor”, disponível no youtube. Esse episódio faz com que a experiência de assistir o próximo episódio, “O Dia do Doutor”, seja ainda melhor.
  • Terminando a sétima temporada, agora siga assistindo a série normalmente sem precisar se preocupar.

Parece algo bem complicado né? Mas garanto que não é. Quando você se entrega à série, em poucos episódios é normal se apegar, tanto ao Doutor quanto seus amigos, e aí a série fica imperdível.

Ainda assim, por se tratar de uma série sobre viagem no tempo, paradoxos são constantes, então se você não estiver com um nó na cabeça desde agora, a série com certeza vai fazer esse trabalho por você.

A série está disponível no Globoplay que, pela primeira vez no Brasil, fez questão de incluir todos os episódios especiais de Doctor Who que eram ignorados por outros serviços streaming.

Boa maratona!