Olá, meu povo! Vocês já pararam para pensar sobre o seu hábito de leitura de quadrinhos? Desde que a pandemia começou, o que mudou na forma como vocês consomem as obras? Vamos bater um papo sobre essa questão hoje.

Os primeiros casos de Covid-19 começaram a ser oficialmente notificados em dezembro de 2019, mas a pandemia pegou mesmo por aqui em meados de março, quando as medidas de isolamento e distanciamento social passaram a ser colocadas em prática (pelo menos por uma parcela da população).

Lógico que isso logo afetou o comércio. Pesquisas recentes demonstraram que as editoras e livrarias obtiveram um aumento nas vendas de e-books. Os quadrinhos, apesar da diminuição de vendas no geral, subiram em sua posição de consumo, de 5º para 2º, de acordo com estudo do Instituto GFK com livrarias físicas e on-line. A crise também afetou os pequenos lojistas especializados, as comic shops, que passaram a vender menos e foram obrigadas a criar formas de continuarem atrativas para os clientes durante a quarentena. Mas não foi só isso que mudou.

Uma parte considerável dos leitores já compra pela gigante Amazon e recebe seus produtos em casa, gastando muito menos. Mas, mesmo este leitor também compra em comic shops, livrarias e bancas. Além disso, o perfil de cliente mais tradicional, que tem uma banca preferida, que gosta de visitar o local físico, também continua muito presente.

Felipe Ricardo, colecionador de quadrinhos de super-heróis, admite que mudou bastante os hábitos: “Eu já vinha comprando mais quadrinhos capa dura e menos dos mensais. Agora, saindo menos de casa, passei a comprar mais pelo Amazon e deixei a maioria dos mensais“.

O público, geralmente, procura a forma mais confortável de realizar suas compras. Pensando nisso, alguns lojistas apresentaram opções ao seu público, que vão de voucher até retirada presencial com hora marcada, para não gerar aglomeração. As lojas Monstra e Ugra, ambas de São Paulo, têm apostado também no envio personalizado de pedidos e vendas por meio de e-commerce.

Em Manaus, a Super Bankai, ponto tradicional de vendas de quadrinhos da capital, também disponibilizou a opção de entrega para os seus clientes. É na Super Bankai que a leitora e também quadrinista, Rayanne Cardoso, costuma realizar suas compras.

Passei a  comprar mais on-line ou com serviço de entrega, principalmente de lojas que seguem todos os cuidados necessários durante essa pandemia.” 

Há leitores que relatam também mudanças em outros aspectos de sua leitura. Com as péssimas notícias sobre a pandemia invadindo também as redes sociais, é comum que alguns tentem fugir de leituras mais densas e reflexivas e busquem quadrinhos mais leves, puro entretenimento. Talvez isso ajude a explicar um pouco o aumento das vendas de quadrinhos com relação a outros gêneros, já que, ainda hoje, a nona arte é vista como apenas entretenimento.

Eu comprei Grama, quadrinho sul-coreano sobre o terror que viviam as ‘mulheres de conforto’, publicado pela Pipoca e Nanquim. A história é muito poderosa e era um engolir seco a cada virada de página. Já não tava bem com tanta notícia de gente próxima falecendo ou doente… Resultado: tive que interromper a leitura e não voltei até agora“, relata Felipe.

Já Rayanne observou uma mudança menos radical:

Meus hábitos não mudaram muito durante a pandemia. Mas eu percebi que deu uma caída nas leituras. Continuo lendo historias do mesmo gênero, só que com menos frequência.

A pandemia mudou muitas coisas e algumas destas mudanças só estarão mais claras em alguns meses ou anos. Talvez o aumento no consumo do digital demonstre que ele veio para ficar ou também que o brasileiro está lendo mais (esperamos que sim). É bastante provável que nos próximos anos vejamos mais produções com temas sombrios e pessimistas, fruto do momento que vivemos hoje.

De qualquer forma, o leitor de quadrinhos (e também toda a cadeia produtiva) encontrará um mundo diferente quando pudermos voltar ao “normal”.

Até!