O último sábado (26/09) foi histórico para a produção audiovisual do Amazonas. O estado trouxe pra casa seis Kikitos na premiação do Festival de Gramado 2020. A série animada “Lupita no Planeta de Gente Grande”, da produtora manauara Petit Fabrik e o curta-metragem “O Barco e o Rio“, do diretor Bernardo Ale Abinader, quebra o jejum do Amazonas na premiação que já durava mais de 20 anos.

O curta “O Barco e o Rio” levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção para Bernardo Ale Abinader, Direção de Arte para Francisco Ricardo, Direção de Fotografia com Valentina Ricardo e o prêmio do Júri Popular. Já “Lupita no Planeta de Gente Grande” recebeu o prêmio de Melhor Animação infantil, desbancando grandes concorrentes como a série “Turma da Mônica Jovem” e “Zuzubalândia”.

Conversamos com o CEO da Petit Fabrik, Olímpio Neto, sobre o prêmio.
Nós estamos muito orgulhosos de ter conquistado esse prêmio. A gente sabe que é uma noite histórica para o Amazonas, para o audiovisual do Amazonas. Eu costumo sempre defender que o Amazonas tem um potencial enorme para ter uma indústria criativa, não só um potencial, mas uma necessidade de investir na indústria criativa porque nós temos vocação para isso, nós temos talento para isso […]”

A expectativa, para a Petit Fabrik, é de que “Lupita” ainda renda ótimos frutos:

Uma premiação tão especial quanto essa fortalece bastante a marca da ‘Lupita’ […] e a gente tem muitos planos para o futuro. Devemos começar uma segunda temporada até o começo do próximo ano, então a gente está muito confiante que realmente está criando uma propriedade intelectual, um produto audiovisual como potencial global.” – comenta Neto.

Francisco Ricardo, Diretor de Arte do curta “O Barco e o Rio”, afirma que recebeu com certa surpresa o prêmio, já que os concorrentes eram excelentes produções:

Eu realmente achava que não tinha chances contra alguns dos filmes que estava concorrendo […] a minha expectativa era que o filme ganhasse Melhor Atriz, porque o trabalho da Isabela tá incrível. Saíamos de cada cena muito emocionados.

Apesar de um ano de crises, tanto para a cultura, num quadro mais específico, quanto para todo o mundo, num cenário mais amplo, a esperança de avanço para as produções do estado parece ter se reascendido com a premiação, como comentam os entrevistados.

Para Francisco “a expectativa é de que o curta tenha chance em outros festivais e premiações” pois a equipe já trabalha em um longa. O Diretor de Arte afirma que, apesar do pouco investimento por meio de editais, este tem sido um bom ano para o cinema amazonense.

“Lupita” é uma co-produção da Petit Fabrik do Amazonas com a Druzina Content do Rio Grande do Sul e está no ar no Brasil, pela TV Cultura e TV Brasil, fez a sua estreia internacional na gigante chinesa de streaming Youku em dezembro de 2019 e hoje, há negociações para que ela estreie em outros países. “O Barco e o Rio” é dirigido por Bernardo Ale Abinader, e foi produzido pela Fitacrepe Filmes e Artes Cênicas, com o apoio do Edital Prêmio Manaus de Audiovisual, da Prefeitura de Manaus e nos apresenta Vera, uma mulher religiosa que cuida de uma embarcação no porto de Manaus. Ela precisa lidar com a irmã Josi, com quem diverge em relação a como lidar com o barco e sobre o modo de levar a vida.